Resumo
É desafiador quantificar as interações água superficial-água subterrânea à escala da linha de água, mantendo a resolução espacial de pequena escala necessária nos estudos hiporreicos. A modelação unidimensional de transporte de calor foi usada para simular fluxos em sedimentos do leito em pontos discretizados, usando séries temporais de registo da temperatura. Seguidamente, foi desenvolvida uma relação de predição entre a temperatura do sedimento do leito no ponto e no tempo e as taxas de fluxo modeladas. O fluxo foi mapeado com uma resolução espacial elevada, através da aplicação da relação de predição às temperaturas mapeadas do sedimento do leito, o que permitiu quantificar o fluxo através desse indicador, com elevada resolução. Os padrões de fluxo inferidos são compatíveis com a morfologia e conduzem a um fluxo bruto para um comprimento de linha de água de 30 m de 1.0 L s–1. A descarga de água subterrânea salina (5.7 g L–1 Cl–) permitiu a comparação entre o método indicador da temperatura e a variabilidade geoquímica. Os locais de máximo fluxo ascendente (>35 cm dia–1) coincidem com as áreas de elevada condutância na interface do leito (5–25 mS cm–1). As diferenças entre as estimativas do fluxo bruto a partir de métodos de calor e a partir de métodos geoquímicos são atribuídas às diferenças na extensão espacial a partir da qual se efetuaram as estimativas e também devido à limitada sensibilidade do método indicador de temperatura. Quando as temperaturas do leito estão próximas dos seus limites inerentes (as temperaturas da água subterrânea e da linha de água), a magnitude do fluxo pode ser subestimada. Devem ser tomadas precauções quando se determinam os fluxos brutos à escala da linha de água a partir de métodos indicadores de temperatura quando as taxas de fluxo estão fora dos limites de sensibilidade.